Semana que vem, as pautas jornalísticas sofrerão uma guinada. Sai o futebol. Entra a corrida eleitoral, acompanhada daquelas de sempre, como violência, corrupção, impunidade, e, talvez, mais um ou outro escândalo. Antes e durante a Copa no Brasil discutiu-se a influência desse evento esportivo na política partidária. Os embates ocorreram na rua, com algumas manifestações populares e, também, nas redes sociais. Houve, de igual modo, ferrenhos debates acerca da capacidade do nosso país em sediar o torneio. Após o terrorismo inicial (“#nãovaitercopa, #copapraquem”) que alardeava o fracasso do evento, os fatos sobrepuseram-se. A Copa do Mundo no Brasil foi exitosa. Apesar dos pesares. Mas esse fatídico jogo, da vergonha eterna, do vexame mundial, da humilhação em casa não precisava ter ocorrido. A dor do torcedor brasileiro. Nossas crianças escondendo o choro no estádio. Uma geração maculada para sempre, tal qual, ou mais que a de 1950. Tudo isso é muito triste. Mas não é por isso que esse jogo não deveria ter existido. Esporte é feito de vitórias e derrotas. Todos sabemos. A vida segue, não é Felipão? Contudo, o que mais causa indignação e desalento é que essa histórica partida de futebol, ampliado o raciocínio, nos escancara aquilo que queremos tapar com a peneira: as mazelas político-administrativas do Brasil que persistem há décadas. A Alemanha, que nos goleou no futebol, também o faz como nação. Os alemães conseguiram se reorganizar depois das duas grandes guerras. São uma das potências econômicas mundiais. Recentemente, passaram ilesos pela crise na Zona do Euro. Possuem uma cultura do trabalho, do fazer bem feito. Do fazer com qualidade. Do comprometimento e da seriedade com as coisas públicas. Do planejamento e do foco. Que o Brasil afaste o compadrio político, a desídia, o “showzinho para a tv”. Que feche seus museus de horrores. Que a arrogância passe longe e permita nos espelhar na Alemanha. No futebol e na política.
Tiago Motta – M.’. M.’. e cidadão brasileiro |