O ano de 2014 poderá ser lembrado como o ano do Hexacampeonato de futebol de nossa seleção. Iremos ouvir o povo comemorando e afirmando “o orgulho de ser brasileiro”. Mas, felizmente, este coro não é uníssono, pois o número de manifestantes e indignados com a situação do Brasil nos últimos anos talvez supere o número de torcedores “cegos” pela nossa futura conquista.

O que mais me deixa perplexo é o que irá mudar nos lares de milhões de brasileiros se a Seleção Brasileira conquistar a Copa do Mundo? Seremos HEXACAMPEÕES mundiais de futebol, mas continuaremos nas últimas posições do ranking internacional de educação! Países como Finlândia e Cingapura nunca disputaram uma Copa do Mundo, mas estão no topo deste ranking. Alguém pode lembrar que, agora no Brasil, todos podem ter acesso à educação. Mas a réplica nos diz que, na Finlândia a educação é gratuita, inclusive no ensino superior. Só 2% das escolas são particulares, mas são subsidiadas por fundos públicos e os estudantes não pagam mensalidade. São países onde a Meritocracia não foi “estraçalhada” como no Brasil.

O principal argumento em favor da meritocracia é que ela proporciona maior justiça do que outros sistemas hierárquicos, uma vez que as distinções não se dão por sexo ou raça, nem por riqueza ou posição social, entre outros fatores biológicos ou culturais, nem mesmo em termos de discriminação positiva. Além disso, em teoria, a meritocracia, através da competição entre os indivíduos, estimula o aumento da produtividade e eficiência.

Vamos falar na saúde? Em uma pesquisa realizada pela agência de notícias Bloomberg no ano passado, o Sistema de Saúde Brasileiro ficou em último lugar!

Tentamos discorrer sobre impostos? Pela quarta vez seguida, o Brasil aparece entre os 30 países do mundo que mais cobram impostos do mundo. Também pela quarta vez, o país ocupa a lanterna em termos de qualidade dos serviços públicos prestados à população. Os dados do "Estudo sobre a Carga Tributária/PIB X IDH" foram divulgados em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).

Quem sabe vamos tentar falar da Petrobrás? Era considerada uma das estatais mais sólidas no cenário mundial. Isso mesmo pode conjugar o verbo no passado: “Era”! De acordo com a Procuradoria do Ministério Público, a Petrobrás nos últimos anos sofre com desmandos políticos e enfrenta uma má gestão depois de ter se tornado um braço político do governo. Se a empresa fosse privada, já teria “quebrado”, com irregularidades de “bilhões de reais”!

Empreender no Brasil? O Doing Business 2014 é a 11ª edição de uma série de relatórios anuais publicados pelo Banco Mundial, que mede e acompanha as mudanças nas regulamentações que se aplicam às pequenas e médias empresas dos países. O estudo avalia 10 áreas do ciclo de vida das empresas, em 189 países: abertura, obtenção de alvarás de construção, obtenção de eletricidade, registro de propriedades, obtenção de crédito, proteção de investidores, pagamento de impostos, comércio entre fronteiras, execução de contratos e solução de insolvência. De acordo com o Doing Business 2014, o Brasil ocupa o 116º. Exemplificando, A complexidade do sistema tributário brasileiro pode exigir dos contribuintes 2.600 horas por ano, ou 180 dias, para pagar imposto, segundo dados do Banco Mundial. Em Cingapura, são necessárias apenas 82 horas.

Corrupção? Não precisamos ser repetitivos ao lembrar mensaleiros e desvios de recursos públicos. Vamos pegar um exemplo de uma maneira diferente. Em menos de 100 anos, o Japão enfrentou seis grandes tragédias, três delas naturais e três provocadas por guerras. Quanto tempo o Brasil levaria para se recuperar de uma situação semelhante? Todos devem lembrar o que aconteceu com as verbas destinadas à recuperação da região serrana do Rio de Janeiro após a tragédia das chuvas em 2011.

Em caso de conquista, os meios de comunicação irão mostrar o exemplo de “superação” de nossa seleção. Não critico os profissionais do esporte, que elevam o nome do país mundialmente. Mas o brasileiro deve parar de sentir um povo “iluminado” por ser Penta ou Hexacampeão. Alguém lembra que o Brasil foi campeão mundial feminino de Handebol na Sérvia em 2013? Deveria ser lembrada como uma conquista tão importante quanto à de uma Copa de Mundo de Futebol. Portanto, exemplo de superação é de um país como o Japão, que se reergueu diante de todas as dificuldades que já foram relatadas anteriormente.

Então devemos nos orgulhar em sermos os melhores do mundo no futebol? Ou os melhores de estarmos entre os piores em Educação, Saúde e Corrupção?

Vamos acordar? Sair desta situação? Há alguns anos, alguém disse que “a esperança venceu o medo!”. Acho que está mais do que na hora de voltarmos a ter “medo”, antes que não reste nenhuma “esperança” de melhorar a situação do Brasil!

J.BOAZ